No âmbito do Concerto Mão na Música , por Nuno da Rocha e André Hencleday que se realiza no próximo dia 6 de maio, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, falámos com Adolfo Luxúria Canibal, sobre o projeto.
“A abertura musical do Nuno e do André contribuíram, e muito, para que esta colaboração decorra como se fosse algo que sempre fizemos” – Entrevista com Adolfo Luxuria Canibal
Adolfo Luxúria Canibal é, desde 1984, letrista e vocalista do grupo Mão Morta, depois de ter integrado grupos como Bang-Bang (1981), Auaufeiomau (1981-1984) e PVT Industrial (1984).
Como é colaborar com artistas com estilos musicais tão distintos?
Não é muito diferente de colaborar com músicos de estilos musicais ditos mais próximos. No fundo, a linguagem, na sua essência, é a mesma. Acresce que este projeto tem por exclusivo objeto obras de música popular que fazem parte do imaginário coletivo nacional, pelo que, nem que não fosse apenas por isso, a colaboração estaria à partida facilitada. Mas acresce que, colaborar com músicos das áreas eruditas contemporâneas, como o Remix Ensemble ou a Joana Gama, não é uma novidade para mim e, se calhar também, por isso, não senti qualquer dificuldade de entendimento e empatia na forma de abordar os temas musicais a que nos propúnhamos. Dito isto, também a personalidade, a simpatia e a abertura musical do Nuno da Rocha e do André Hencleeday contribuíram, e muito, para que esta colaboração decorresse como se fosse algo que sempre fizemos, como se estivéssemos habituadíssimos a trabalhar juntos.
O que cativou o seu interesse neste projeto?
Inicialmente, cativou-me o projecto em si, essa ideia de revisitação contemporânea de três obras incontornáveis da nossa história musical recente, mas também, e simultaneamente, as obras e os autores escolhidos - Fausto, Sérgio Godinho e José Afonso -, o que denotava um bom-gosto a toda a prova e um olhar arguto sobre o cancioneiro nacional, bem como as vozes propostas, tudo fatores que para mim indiciavam, desde logo, uma intenção de confronto com o academismo que muito me agradava, pois evitava a ratoeira em que um projeto deste tipo poderia facilmente soçobrar. E ao receber as primeiras abordagens musicais, mais convencido fiquei de que ter aceite participar, fora uma boa decisão: eram arranjos completamente contemporâneos que, sem desrespeitar a identidade, davam às canções novas ressonâncias e novas espessuras. A concretização, quer das gravações, quer do espectáculo, trouxe depois algumas alterações ao elenco inicialmente imaginado, tanto nas obras e nos autores a revisitar como nas vozes a intervir, mas a ideia original manteve-se imutada, assim como o bom-gosto das escolhas e a modernidade dos tratamentos musicais.
Houve espaço para um contributo pessoal?
Bem, para um não-músico como eu, que utiliza a voz sem melodia nem canto, tem sempre de haver espaço para um contributo pessoal. Quanto mais não seja de adaptação à minha idiossincrasia vocal. Mas verdade seja dita que os arranjos do Nuno e do André já previam esse fator, já davam espaço para alguma flutuação métrica e, sobretudo, já contavam e tiravam partido dos embalos interpretativos que caracterizam a minha vocalização. O que significa que estudaram e conheciam bem os meus atributos musicais e as minhas debilidades.
O evento que acontece no dia 6 de maio tem entrada livre, mediante convite e limitada à lotação da sala.
Os convites estão disponíveis para levantamento nas lojas da ULisboa, na Reitoria e no Caleidoscópio.
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