O Gigante da Tapada – Campos Rodrigues (1836-1919) e o Observatório Astronómico de Lisboa
Pedro M. P. Raposo
Campos Rodrigues foi o mais destacado astrónomo português na viragem para o século XX. O seu percurso cruza-se com as primeiras décadas de actividade do Observatório Astronómico de Lisboa, que começou a ser construído em 1861, na Tapada da Ajuda, com o objectivo de medir o Universo e desenvolver a astronomia estelar. Em 1904, um dos raros detractores de Campos Rodrigues referiu-se-lhe como o ‘Gigante da Tapada’, uma alusão irónica à veneração de que era então objecto pelos seus pares. No final desse ano, a Academia das Ciências de Paris atribuiu-lhe o Prémio Valz: foi um momento de glória para um astrónomo que, quando jovem oficial da Marinha, quase perecera num naufrágio. Não obstante a sua obsessão pelo anonimato, Campos Rodrigues foi figura tutelar de uma instituição que, entre contratempos vários, deixou a sua marca na astronomia internacional, mostrando-se relevante em domínios como a determinação e transmissão da hora legal, a presença portuguesa em África, e a promoção e divulgação da astronomia.