No dia Mundial do Teatro entrevistámos o André Campaniço, autor e encenador da peça “Histórias de Amor em Tempo de Guerra”, vencedora do Prémio do Público do FATAL – Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa em 2019.
André Campaniço: "O abrir do pano é aquele momento de magia e ansiedade em que tudo pode acontecer"
Como é que surgiu o gosto pelo teatro?
Acho que a curiosidade pelo teatro e pelo trabalho de ator sempre esteve lá. No secundário, tive oportunidade de fazer ‘O Doente Imaginário’ de Molière. Já na faculdade, vi a primeira peça levada a cena pelo Tubo de Ensaios (o grupo da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa): 1+1=∞. A peça tocou-me de tal forma que eu tive a certeza: ‘eu quero poder fazer isto. Eu quero poder despertar sentimentos num público da mesma forma que esta peça o fez comigo’. Juntei-me ao grupo logo a seguir. Daí a escrever e encenar peças foi um saltinho.
O que o inspira para desenvolver o trabalho criativo e artístico em geral?
Dos três pontos de vista em que me encontro (escritor, encenador e ator) diria que é o processo de criar, ter uma história e conseguir dar-lhe vida através de mim próprio e de outras pessoas. É o desafio de tornar real um processo que começou inicialmente na minha cabeça e de conseguir, de alguma forma, tocar o público e despertar algum tipo de reflexão que possa até ter algum impacto nas suas vidas ou em algo pelo qual eles estejam a passar.
Acredita que o teatro académico pode estreitar relações entre colegas?
Completamente! A maioria dos meus amigos mais próximos vem precisamente do teatro. O processo de construção do espetáculo, quando é bem feito, gera uma equipa coesa. Acabamos por passar por muita coisa juntos. Momentos muito bons, muito maus, alegria, tristeza, e o apoio que encontramos nesses momentos cria laços, como é natural. São raras as pessoas que conheci a fazer teatro que não tiveram um impacto grande quer no meu eu artístico, quer no meu eu individual, enquanto pessoa.
Com quem gostava de contracenar em palco?
Essa é uma pergunta difícil. Eu tenho alguns atores cujo trabalho acompanho e respeito bastante, mas nunca me imaginei a contracenar com eles. Eu tenho sempre curiosidade para ver o que eles vão fazer a seguir e de que forma podem continuar a surpreender-me. Acho que teria imensa vontade de aprender mais de atores mais velhos e experientes que fui acompanhando ao longo da minha vida, mas contracenar com alguém fora do meu grupo próprio é algo que nunca imaginei ou equacionei.
Qual o momento que mais anseia: o abrir ou o cair do pano?
Sempre o abrir do pano. O abrir do pano é aquele momento de magia e ansiedade em que tudo pode acontecer. E pelo menos no meu caso, é uma ansiedade boa. É um desejo por que comece, por fazer, por entregar e por ter aquele público a ouvir a nossa história e aquilo que temos para lhe dizer.
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