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Cultura e Lazer

“É uma alegria imensa para nós pisar este palco histórico” - Entrevista com Nuno da Rocha e André Hencleeday

O Concerto Mão na Música , por Nuno da Rocha e André Hencleeday acontece no próximo dia 6 de maio, às 21h, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.

“É uma alegria imensa para nós pisar este palco histórico” | Entrevista com Nuno da Rocha e André Hencleday

Falámos com o Nuno e com o André para percebermos melhor o projeto e para nos desvendarem um pouco do que podemos esperar deste concerto.

Como surgiu a ideia deste projeto?

Este projeto surgiu de um sonho antigo em orquestrar canções da música popular portuguesa com uma visão diferente, mais contemporânea, próxima aos nossos ‘nichos’ musicais onde regularmente trabalhamos. E quando falamos em música popular portuguesa referimo-nos ao cancioneiro que parte do Zeca Afonso e dos seus ‘discípulos’, portanto, onde a palavra, o texto, é de uma elevada sofisticação literária. Não são textos populares, são verdadeiros poemas.

Como é feita a escolha dos temas que vão apresentar ao público?

Nós trazemos a palco um programa muito especial, pois cruzamos compositores da dita música erudita, como Bach, com o tal cancioneiro do Zeca. Só pelo programa diríamos que é um concerto imperdível… Tocaremos seis canções: duas do Zeca Afonso, duas do Fausto Bordalo Dias e duas do Sérgio Godinho. Além destas canções tocaremos três peças instrumentais (Messiaen, Bach e Brouwer). Nas orquestrações também “roubámos” materiais a outros compositores, como a Rachmaninoff ou a Villa-Lobos, pois é difícil desligarmos da memória sobre o repertório individual dos nossos próprios instrumentos (piano e guitarra). 

As canções foram escolhidas por afinidade, por total deslumbre. Já as peças instrumentais foram escolhidas com especial cuidado sobre o que poderia resultar, ou não, nesta instrumentação peculiar de piano preparado e guitarra eléctrica.

Pensamos que esta sequência de peças e canções é hipoteticamente o programa ideal. Aquele que gostaríamos de ouvir enquanto público. É por isso, para nós, um luxo poder apresentá-lo enquanto intérpretes.

O que vos levou a convidar Adolfo Luxúria Canibal, João Neves e Sérgio Godinho?

Foram todos uma escolha muito óbvia na imagem que tínhamos para o projeto. 

O Adolfo, pela carga dramatúrgica que traz sempre a palco e pelo seu poder de elevar qualquer texto. O João, pela sua voz linda, que traz no campo melódico uma prestação mais sólida ao concerto. O Sérgio, porque é uma das grandes figuras da música e da palavra. Para nós, tocarmos música dele e ao lado dele é uma honra e sempre uma lição, quer como compositores, quer como intérpretes.

Qual é a vossa parte favorita no processo de construção dos arranjos musicais?

É a nossa cumplicidade como amigos. É ela que faz este projeto ser especial. Ajuda muito o facto de sermos os dois compositores, de escrevermos música para outros tocarem. Pensamos, talvez, da mesma forma… Quando estamos a criar juntos é tudo muito simples e percebemos no imediato o que cada um está a fazer de bem e de mal. Somos muito críticos internamente e esse choque é muito bonito, apenas ao alcance de grandes amigos.

Como é conciliar a música contemporânea com a música popular?

Ouvir Fausto ao lado de Messiaen, Sérgio Godinho ao lado de Bach, para nós faz sentido.

Sabemos que o mundo da música erudita tem por vezes uma disposição meio “hermética” em relação aos outros mundos musicais, mas essa é uma imagem completamente do passado. A música contemporânea já não é para as elites. Estamos no século XXI e os compositores já não são patrocinados pelos burgueses da época em que vivem… Nem pelo clero. Por isso, digamos que a música contemporânea já está conciliada, por si, com a música popular. Não esquecer que a música erudita nasce a partir da popular, e que a popular precisa dos modernismos da música erudita para evoluir, mesmo que séculos depois…

Como diz o poema do Sérgio: “A música é tamanha, cabe em qualquer medida”.

Porque é que este espetáculo se chama “Mão na Música”?

Foi uma escolha muito óbvia. Pelo meio das canções que interpretamos surgem por vezes alguns retalhos de um poema/canção do Sérgio Godinho: “Mão na Música”. É um poema sobre música e é das coisas mais bonitas. Acolhemos o nome.

Qual a importância de apresentar o “Mão na Música” na Aula Magna?

É uma alegria imensa para nós pisar este palco histórico. Um palco no centro de uma instituição muito importante, como a Universidade de Lisboa, que é por si só um centro também, quer de desenvolvimento pessoal, quer do colectivo, nos planos do pensamento e da liberdade. Que se cumpra Abril!

O evento que acontece no dia 6 de maio tem entrada livre, mediante convite e limitada à lotação da sala.

Os convites estão disponíveis para levantamento nas lojas da ULisboa, na Reitoria e no Caleidoscópio

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