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Entrevista a Leonor Beleza no Dia Internacional da Mulher

No Dia Internacional da Mulher fomos conhecer melhor a história de uma das personalidades mais marcantes da história recente do nosso país, e que temos o privilégio de ter como Presidente do Conselho Geral da Universidade de Lisboa.

Dia Internacional da Mulher

Leonor Beleza, é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde foi Professora Assistente. Durante a sua atividade profissional, exerceu diversos cargos públicos e privados de destaque, designadamente Secretária de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (1982-1983), Secretária de Estado da Segurança Social (1983-1985), Ministra da Saúde (1985-1990). Eleita deputada do Parlamento em diversas ocasiões, foi Vice-Presidente do Parlamento entre 1991-1994 e 2002-2005, foi Presidente do Conselho Fiscal do Banco Totta & Açores no período de 1995-1998 e Membro do Conselho Geral e de Supervisão do BCP entre 2011-2013.

Além de membro do Conselho de Estado e presidente do Conselho Geral da Universidade de Lisboa, é também Presidente da Fundação Champalimaud desde a sua criação, em 2004, por desígnio do seu fundador António de Sommer Champalimaud. 

Fomos conhecer melhor a história única de Leonor Beleza.

Como foi a sua vida de estudante?
Acho que respondendo que tenho saudades, deixo perceber como a minha recordação é basicamente positiva. E é. Tive uma boa educação na Universidade de Lisboa, lá fui aprendendo a singrar por minha conta, o ambiente entre os estudantes era bom. Mas nem tudo eram rosas. Tive a certa altura de conviver com a presença da polícia na Faculdade de Direito, e isso é certamente difícil de imaginar para os estudantes de hoje.

Sabemos que foi a primeira Secretária de Estado a ser chamada no feminino. Como foi este processo?
Pedi ao Primeiro-Ministro Pinto Balsemão que assim fosse, e o Presidente da República Ramalho Eanes aceitou imediatamente. Voltou a ser assim quando fui Ministra, com o Primeiro-Ministro Cavaco Silva, e ainda o General Eanes. Mas não foi tão fácil com múltiplas outras pessoas, sobretudo quando fui Ministra. Outra coisa que hoje ninguém perceberia.

Participou há 40 anos na alteração do código civil que tornou legal a igualdade das mulheres. De que forma esta alteração teve impacto na sociedade?
A igualdade tinha sido estabelecida na Constituição de 1976, e valia, mesmo com o Código Civil ou qualquer outra lei a dizer coisa diversa. Mas era preciso esclarecer muitas coisas e aquela alteração do Código Civil foi determinante. Para mim, constituiu uma experiência única, para a jurista e para a mulher. Participei entusiasmada na divulgação do que fora feito. Ao nível das leis, o impacto foi imediato. É diferente, para todos, ter leis que impõem a submissão da mulher ao marido, e dos filhos à vontade do pai, ou o legislador, isto é, o Estado, proclamar a igualdade da mulher e do homem, e da mãe e do pai. Mas, claro, há muita coisa que está para além das leis, como sabemos todos muito bem.

De que forma encara o cargo que representa na Universidade de Lisboa?
É muito especial para mim, que fui aluna e assistente na Universidade, há muitos anos, voltar a ela na qualidade de membro, e depois Presidente do Conselho Geral constitui uma honra e um serviço que presto com muita alegria.

Acredita que hoje a sociedade está realmente a evoluir no que concerne à igualdade de género?
Se compararmos o que se passava quando eu fui estudante, evoluiu muitíssimo. E eu quero crer que continua a evoluir basicamente no bom sentido. Mas a igualdade de género é um bem precioso, que precisa de ser guardado e cultivado por cada um de nós, sempre em risco de ser posto em causa. Há sociedades em que a evolução é ao contrário, e aí está a violência de género para se perceber como ainda estamos longe de uma sociedade justa.

“Eu quero é ver mulheres em posições de destaque e de poder e as pessoas compreenderem que só esse mundo de partilha efetiva do poder faz sentido. Isso transformará o mundo!” Em que sentido considerou que realmente esta partilha transformaria o mundo?
No sentido de que a partilha do poder real permite usar todos os talentos, todas as experiências, todas as sensibilidades. A não partilha não é só injusta, também constitui um desperdício.

Como é ser mulher em 2019?
É poder escolher mais do que há tempos atrás. Na atual conjuntura, deve convocar-nos para muita atenção a múltiplos perigos de retrocesso, e para uma prática efetiva de fazer valer a nossa voz, em todos os domínios. Temos o direito, e temos o dever, mesmo quando é difícil, de falar, de criar, de fazer andar as coisas.

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