"Fizemos progressos, mas precisamos de continuar a lutar pela igualdade de género na ciência e em todas as áreas da sociedade"

"Celebra-se hoje o Dia Internacional das Mulheres, instituído em 1975 pelas Nações Unidas. Há cerca de um mês, no dia 11 de fevereiro, celebrámos o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, que se comemora anualmente desde 2015. Ambas as datas são importantes para promover a igualdade de género e o empoderamento das mulheres em diferentes áreas, incluindo a ciência e o mundo do trabalho em geral.

Em Portugal, as mulheres cientistas são maioritárias nas artes e humanidades, nas ciências sociais, nas ciências naturais e nas ciências da saúde, e só não o são nas ciências da engenharia e tecnologias. Esta representação de mulheres doutoradas em Portugal é superior à média da União Europeia em todos os ramos do conhecimento considerados. Na maioria dos países da União Europeia, existe uma proporção de mulheres cientistas menor do que a de homens, relativamente à população ativa total. Portugal e a Dinamarca são a exceção, com percentagens de mulheres cientistas superiores à média europeia. De facto, Portugal destaca-se na percentagem de investigadoras em todos os setores considerados, embora a participação mais baixa corresponda ao setor empresarial, e a mais alta ao setor governamental. (Fonte: Eurostat 2021).

Por fim, a percentagem de mulheres que publicam em todas as áreas científicas em Portugal é superior à média europeia, reflexo de que a proporção de mulheres investigadoras no setor académico é também superior à média europeia. (Fonte: Elsevier, 2020). Os resultados da inovação mostram que a posição relativa de Portugal, no que diz respeito aos pedidos de patentes, está bastante afastada da dos países líderes em inovação. Não obstante, o crescimento de Portugal, de mais de 200%, no período de 2010-2020, foi muito superior à média europeia de 6%. Embora apenas uma em cada dez pessoas inventoras na Europa seja mulher, a proporção em Portugal é de uma mulher inventora para três homens. (Fonte: Comissão Europeia, 2019).

Fizemos progressos, mas precisamos de continuar a lutar pela igualdade de género na ciência e em todas as áreas da sociedade. Para que mais mulheres cheguem aos lugares de decisão. Precisamos de criar um ambiente inclusivo e equitativo para que todas as pessoas, independentemente do seu género, se sintam valorizadas e capazes de alcançar os seus objetivos. A ciência é uma área fundamental para o avanço da humanidade, e precisamos de todos os cérebros e talentos disponíveis para fazer avançar a ciência."

Cecília Rodrigues
Vice-reitora
Universidade de Lisboa